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segunda-feira, 22 de abril de 2013

Voodoo Child


Ele só teve tempo de sentir o cano gelado encostando em sua nuca, seguido de um barulho alto, MUITO ALTO e, em seguida,  viu o chão se aproximando.
O aluno surpreso da detenção, que olhava pela janela se imaginando correndo entre as árvores do bosque não entendeu a seqüência dos acontecimentos. Em um instante o professor estava distraído, lendo o jornal enquanto enfrentava a enfadonha responsabilidade de “cuidar” dos delinquentes juvenis naquela tarde, fora do horário regular, no outro instante, ele estava caído no chão, com sangue saindo da boca e um buraco gigante em sua garganta. Teve a impressão que podia ver do outro lado. Atrás deste estava Bob Delalune, segurando uma espingarda. Impressão sua ou seu braço era de metal? Foi chamado à realidade pelo cheiro de pólvora no ar e pelo próprio Bob:
- Hey, lobinho. É melhor correr! Tenho muitas balas no bolso, posso transformá-las em prata e nunca gostei da sua espécie...
Não precisou falar duas vezes.
Ele deu  a volta no corpo que resfolegava:
- Dizem que o cérebro humano é capaz de continuar enxergando até 30 segundos depois de decapitado. É quase o que aconteceu com você. Na dúvida estou mantendo suas percepções a um nível aceitável, percebendo tudo o que está acontecendo, por que eu precisava que você visse, eu precisava que você soubesse que era eu.
Revirou o bolso do homem e encontrou seu celular.
Sentou-se do lado do professor, que nada conseguia dizer, passou os dedos metálicos pela poça de sangue e levou a mão até perto dos olhos, observando o sangue escorrer.
- Sabe, o mundo é realmente um lugar melhor sem gente como você. Gente doida como você... eu digo. Vou me certificar que você não apareça por ai por um bom tempo...
Abriu a boca dele com a ponta dos dedos, enxergou a alma lá dentro. Sorriu em um misto de regozijo e nojo enquanto enfiava o dedo goela abaixo do cadáver e retirava sua alma.
Escutou os passos acelerados pelo corredor, gritos.
Jogou-se novamente ao outro mundo, onde pode observar os espíritos da morte consumindo o perispírito do inimigo. Expulsou-os fazendo um símbolo no ar.
O inimigo ainda se contorcia, agarrando sua própria garganta, que daquele lado estava intacta, enquanto Robert caminhou até ele e com um gesto rápido  pôs um grilhão em seu tornozelo. Sorriu depois de ver o olhar atônito do professor ao constatar que estava preso. Caminhou para fora da escola, andou alguns quarteirões e voltou ao mundo dos vivos. Pegou o celular do bolso, procurou pelos números de Jessie e James enquanto entrava na cabine da caminhonete vermelha.


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