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terça-feira, 16 de abril de 2013

Uma conversa improvável

Do outro lado da colina se avistava a nuvem roxa. Estava ali há semanas, sem se mover, pairando sobre a cidade como um mal agouro. Não era permitido se aproximar a menos de 2 quilômetros da primeira barreira feita pelo exército.
A velha cadeira de rodas era empurrada por um homem que aparentava ter 40 anos. Ele vestia terno e parecia tenso e preocupado, ao contrário da senhora que era conduzida, que ostentava um leve sorriso confrontador no rosto enrugado. Encontraram os três homens de preto sob a árvore, era final de tarde e todo o horizonte tremeluzia em cores estranhas na direção de Los Angeles. Os três homens de preto tinham o mesmo rosto.
- Boa tarde, tia Dorothy. Há muito tempo não nos vemos.
A velha ajeitou o cobertor sobre as pernas e disse sorridente:
- Da última vez que nos encontramos me chamou de "velha", com um tom nada educado. Acredito que aquele pequeno incidente tenha-o feito mudar de opinião. Hoje você pode me chamar de Dorothy, o tia é apenas para amigos íntimos e... sem ser indelicada... seres humanos.
Seguiu-se um silêncio constrangedor.
Um dos homens de preto adiantou-se e retirou do bolso um colar, que segurava um pingente.
- Preciso de mais destes, Sra Dorothy.
A velha esticou o pescoço em direção à mão do homem.
- Isso não lhe pertence, agente. Isso foi um presente dado a um amigo, há alguns anos. E tenho certeza de que ele não teria lhe entregue isso... Devo presumir que o jovem a quem isso pertencia esta prisioneiro ou morto...
O homem atrás deste respondeu:
- Nenhuma das opções. Ele está na nuvem.
E o terceiro:
- Mas ele não é um dos profetas.
A velha pareceu aliviada ao escutar a notícia.
- Se ele está lá, os amigos dele também devem estar. Você deve me prometer, como parte deste acordo que eles não serão prejudicados.
O primeiro, que segurava o colar ainda esticado, pronunciou-se:
- Tem nossa palavra. Apenas os profetas serão caçados e exterminados.
A velha abriu uma pequena bolsa, de onde tirou outros 6 colares idênticos àquele.
- Aqui está, agora você pode soltar suas 7 bestas...
O segundo homem, atrás, pergunta:
- Como sabe que são sete?
A velha riu:
- Que tipo de maga seria eu se não soubesse, hum?
O terceiro homem se adianta e abre uma maleta, mostrando o conteúdo para a cadeirante. Dentro dela brilham magicamente 13 pedras da alma.

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