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quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Barulhos no Refrigerador

- Me conte exatamente o que você viu, Marcos...
O rapaz assustado estava sentado em uma cadeira, a camisa aberta para facilitar a respiração. Ele suava em bicas, ainda que estivesse frio como mármore.
- Eu já disse o que aconteceu! Você não acredita em mim ou acha que estou louco?!
O médico respirou fundo, estendeu o copo de água, que o rapaz tomou avidamente, e tornou a perguntar, desta vez mais calmamente:
- Marcos, eu acredito que as vezes vemos o que queremos ver, apenas isso. Me diga o que...
O rapaz explodiu:
- Você acha que eu queria ver aquilo? Você acha que eu queria ver um cadáver andando?
- Então foi isso o que você viu... um cadáver andando... Tem certeza de que não foi um vulto ou alguém lhe pregando uma peça?
- Doutor Carlos... eu estava aqui, olhando os relatórios de ontem, por que estão atrasados... então escutei um barulho vindo de uma das gavetas.. sabe um rrr rrr rrrr
- Como um ronronado?
-Não! Claro que não! Como um arranhado! - Ele tomou o resto da água - Eu achei que era só coisa da minha cabeça... já tava voltando a ler quando algo começou a chutar, só que de dentro do gavetão sabe? Eu gritei, mas acho que ninguém escutou. O barulho parou por um tempo... dai... eu fui até a gaveta que tava fazendo barulho: ratos, eu pensei, e a abri. O corpo, doutor, tava de bruços! Como se alguém tivesse virado ele! Eu fui virar ele de volta...mas... mas daí ele levantou e saiu! Eu vi as costas dele cheia de tiros e o sangue coagulado... - Ele fechou os olhos, como que tentando afastar a imagem da cabeça.
- E foi só isso? - perguntou o médico incrédulo.
- Não, doutor. Ele falou que tava frio... e levou o jaleco...

domingo, 16 de dezembro de 2012

Introducing Angel


 "Mein Kampf!"
"Heil!"

Introducing Maju



 "Eu gosto de vermelho e azul, e daí?"

"Oncinha também é legal!"

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Introducing Dona Norma

- A senhora traz mesmo o Sanderson de volta?
- Hoje mesmo eu desfaço, querida. Foi feito um trabalho muito bem feito para separar vocês dois. Até me sensibilizou! Se eu tivesse as minhas pernas boas eu mesma ia no terrero e ia falar umas boas para este pai de santo, viu?
- Mil? - A moça perguntou timidamente, meio que esperando que a velha baixasse o preço.
- Mil, querida. Sabe que é apenas para o material, viu? Uma cabra preta, sem mancha branca nenhuminha e uma branca do mesmo jeito. Só isso saí por ai! O resto vai ser pra pagar o transporte!
A moça tirou uma bolsa velha e começou a contar as notas de dez amassadas. Havia a economia de muito tempo ali, a velha observou.
- Aqui está! Mil... Ele volta mesmo, Dona Norma?
- Satisfação garantida ou o seu dinheiro de volta, querida! Em três dias ele estará a seus pés!
A moça empurrou as notas contadas pela mesa e Dona Norma contou uma por uma.
- Certinho, minha querida. Agora me dê aqui suas mãos. Isso segura firme as minhas e me olhe bem nos olhos.
A moça o fez.
- Você não quer o Sanderson. Você NUNCA MAIS quer ouvir falar dele. Aliás, você nunca o conheceu! Se chegar a vê lo pensará: "Que idiota, que feio, deve ter o pau pequeno! Mereço coisa muito melhor..." Entendeu?
- Huhum... - respondeu ela com os olhos perdidos.
- Você vai me indicar para suas amigas e falar muito bem de mim... dizendo que eu resolvo qualquer problema! Assim que sair por aquela porta lembrará apenas que foi muito bem atendida e está muito satisfeita...
- Huhum...
- Ótimo, agora pode ir. Quanto ao seu dinheiro economizado, você o doou a uma casa de assistência a velhinhos, entendido?
A moça respondeu um último "HUhum" enquanto se levantava, pegava a bolsa e saia.
- Próximo!!!!!
Hum... seu marido faleceu recentemente, não? Tenho um recado dele pra você...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Enter Sandman

Glória, Revolta, Dor, tempo, tempo, tempo tempo, 
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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Este telefone encontra-se desligado, por favor tente novamente mais tarde...


Ele abriu novamente a porta e estava de volta ao escritório, iluminado por lanternas chinesas:

- Seja bem vindo, Juanes, o matador. – ela disse sorrindo, sentada sobre os próprios calcanhares, com sua espada embainhada à frente.

Ele entrou, tirou os óculos escuros  e sentou-se como ela:

-  Estou sonhando, não estou?

Ela sorriu:

- Sim, Juanes, você está sonhando. Muito perspicaz de sua parte notar: a grande maioria não é capaz. Me diga, como percebeu?
- Eu não lembro como cheguei até aqui e definitivamente.. te ver é a última coisa que quero em minha vida.

Ela sorriu novamente:

- Me ver será a primeira coisa que acontecerá em sua morte, Juanes. Mas você já sabe disso...

Ele olhou para os lados:

- O que quer de mim, Zazael? Por que me trouxe até aqui?
- Na verdade eu tentei o celular, mas você parece tê-lo abandonado.

Ele continuou apenas observando, ela continuou a falar:

- Preciso contratar seus serviços, matador. Preciso saber do seu preço.
- O preço depende do cliente e do alvo. Algumas pessoas eu prefiro não ter como clientes. Seu caso, Zazael.

Ela se levantou, pegou a espada e em um átimo de segundo sacou-a e encostou a lâmina no pescoço dele.

- Poucas pessoas podem ter tanto sangue frio ao me desafiar, Matador...

Ele continuou impassível. Sabia o que podia fazer e acima de tudo, o que ela não podia fazer.

- Diga qual o seu preço, matador. Não vejo razões para animosidades. Passaremos muito tempo juntos, amigo e este relacionamento no futuro pode ser bom ou ruim, dependendo de suas atitudes. – Ela sentou-se novamente, na mesma posição.

- Quem são os alvos, Zazael?
-  Felipo e Cecília, quem mais?

Ele baixou a cabeça e suspirou, não queria se meter naquilo.

- Qual seu preço, Matador?
-  30 mil, cada um deles...

Ela sorriu novamente. Aquele sorriso dava arrepios a Miguel, que ele nunca ousaria admitir.

-  Te dou 50 mil por cada um deles. Dobro o valor se você o fizer ao mesmo tempo, sem deixar nenhum escapar.
- Como saberei que este acordo é válido, se estou sonhando?
- Me toma por o que? Humano? – Ela disse ultrajada. – Mate-os e terá seu dinheiro. E minhas graças por um bom tempo, que valem muito mais do que isso, devido a nosso.... hum... relacionamento a longo prazo.

Ele acordou e encarou o teto. A luz entrava pela cortina, indicando o final de tarde. Ele simplesmente sabia que não tinha sido um sonho comum e, como se não bastasse, a cicatriz invisível coçava como o diabo.
Sabia onde encontra-los.