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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Húbris

- São eles - Disse o de chapéu segurando o telefone – O que faremos?
O rapaz o encarou serenamente, respondendo: Nada, Rogério. Não faremos nada.
Ele pousou o celular sobre a mesa, que continuava vibrando anunciando um número desconhecido.
Parou.
Um silêncio incômodo de segundos se seguiu.
- Como você descobriu que não era ele?  - perguntou a moça loira, que até aquele momento não havia pronunciado uma única palavra desde que chegara. – Ninguém viu, ninguém percebeu!
O rapaz olhou para a moça com olhar de desprezo e sorriu:
- Acha mesmo que eu lhe daria esta dica, Diana?
Ela resmungou, tentou falar, segurou, olhou para o chão e por fim disse: Vou embora, se você não precisa mais de mim, Inês.
- PAULO! – a voz saiu com a força de um trovão pela boca do rapaz, a moça chegou a proteger o rosto, com medo de que fosse atingida. – Sua vadiazinha lambe-xanas! Já disse que meu nome é PAULO!
- Desculpe... – ela disse, levantando-se, pegando um capacete e escapulindo pela porta.
- Você não precisava tratá-la assim. – Ponderou o homem de chapéu. – Nós não estamos em posição de fazer mais inimigos. Há os 4, há o louco Jesus e ainda os vampiros... Pense bem...
O rapaz de levantou, caminhou até a janela e olhou para o jardim:
- Sabe qual o problema? Deveríamos ter sujado nossas mãos desde o início! Nada de ficar movendo peões. Deveríamos ter sujado nossas mãos com o sangue destes fedelhos desde que chegaram!
- Sabe que não podíamos fazer isso! Não sabíamos qual a relação da pedreira com eles. Se não fosse você na semana passada ainda estaríamos achando que dependeríamos destes moleques para sempre.
O rapaz tirou uma pedra do bolso:
- Eles precisam morrer. E precisamos pegar as almas deles.
- Eu posso cuidar disso. Vou atraí-los como ratos até uma ratoeira.
- O combatente está morto, Coveiro! A húbris dele foi tanta que não conseguiu nem ao menos liquidar Theodoro. Ele estava tomado por ela... não foi o paradoxo que o matou, foi sua húbris. Assim com foi a hubris de Theodoro que o trouxe aqui, para tentar vingança – Passou a pedra de uma mão para outra, examinando os detalhes. – Húbris, tudo pela húbris. É por ela que quero viver para sempre, é por ela que você quer Ângela de volta: você não pode suportar não poder ter algo que deseja. Você vai até o fim... matará por ela, morrerá por ela... eu, você, todos nós...
Ele acendeu um cigarro pensativo, fumou-o nervosamente.
- Como você descobriu?
O rapaz virou-se sorrindo, andou até o homem de chapéu, tirou o cigarro de suas mãos:
- O Filho da puta não respondeu quando chamei-o pelo nome verdadeiro...
Tragou profundamente, soltou a fumaça propositadamente no rosto do outro:
- Ligue para eles, antes que eles estranhem, finja ser o Combatente, Logiko, Theodoro..sei lá! Mas certifique-se de que eles cavem sua própria sepultura... deixe que eles pensem que estão em vantagem. Deixe que eles pensem que podem nos pegar... Eles vão virar comida de dragão...

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