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terça-feira, 19 de novembro de 2013

No metrô

Os dois homens de terno caminharam para fora do armário sem pressa, tentando intimidar seu oponente. Uma tentativa desesperada da máquina de reaver seu Anjo com defeito e levá-lo para uma revisão completa. Não era a primeira vez que Adão enfrentava aqueles seres sem rosto, eles eram  mandados sempre que a situação pedia alguma interferência, mas não era possível que um Anjo atendesse o chamado imediatamente.
O padre respirou fundo e jogou o primeiro deles em direção aos trilhos, apenas com o gesto de sua mão, deixando que o trem se encarregasse de fazer o resto do serviço. Olhou para baixo, se certificando de que o mendigo se encontrava em segurança e atacou o segundo oponente a socos e pontapés. 
A luta se estendia, o homem parecia não sentir os golpes, porém desferia impiedosamente golpes que já haviam acertado o peito e rosto de Adão, que evocou sua forma Apocalíptica, sem se atentar a dois vigias que observavam a cena aos pés da escadaria, atônitos ao ver a imagem de um anjo de asas enormes, vestido de uma armadura impecavelmente branca.
Nesta forma, Adão conseguiu derrubar o homem, que permaneceu imóvel até que o pegasse pelo colarinho e o arrastasse até a porta do armário, abrindo-a.
- Diga para ele que não temos medo – disse, segurando o “rosto” do homem bem próximo ao seu. -  Diga para ele que estamos juntos. Diga para ele que desta vez tudo vai ser diferente.

Arremessou o corpo para dentro do armário, fechou-o. Caminhou até o corpo do mendigo no chão, colocou-o nos ombros e caminhou até a escadaria, enquanto se transformava novamente em humano, diante dos olhares perplexos dos vigias, que não diziam uma única palavra.


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