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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Deus ex machina


Não existe desastre
Existe o deus Máquina
Não existe fortuna
Existe o deus Máquina
Não existe destino
Existe o deus Máquina
Não existe vontade
Existe o deus Máquina
Não existo
Existe em mim o deus Máquina

Eu já fui um anjo.
Minha primeira lembrança é do deus Máquina: as luzes piscando, o frio de sua presença e a incerteza do destino. Ele me disse o que fazer, me deu as ferramentas para fazê-lo e obedeci sem pensar, este era meu propósito.

Egito, 1500 AC
Ele me acordou no nascer do sol e ordenou que avisasse seu povo que deveriam sacrificar um cordeiro, o mais bonito deles, e que com seu sangue marcassem seus umbrais, para afastar a última praga. Naquela noite todos os primogênitos foram mortos e somente hoje enxergo seu sangue em minhas mãos.

Após completar meu destino, fui colocado em uma caixa e lá aguardei pelos desígnios D’ele. Encarnei novamente e de novo e de novo e mais uma vez. Sempre cumprindo fielmente seu comando. Poucas vezes cruzei com outros como eu, parece que Ele cuidava minuciosamente para que isso não acontecesse. Hoje eu sei o por quê.

Londres,  1897
Como designado, observei-a de longe. Esperei que saísse do café, onde trabalhava todos os dias. Cheguei perto e falei banalidades. Ela estranhou. Sussurrei em seu ouvido o que ela deveria fazer. Assisti-a subir no prédio e se jogar lá de cima. Naquela noite, seu marido, o chefe de polícia, não foi trabalhar e houve uma fuga em massa.

São Paulo, 1979
Já estava naquela encarnação fazia algum tempo. Dormia tranqüilo enquanto os planos se concretizavam. Fui desperto por um telefonema: o alvo deveria ser liberto. Missão arriscada e cheia de detalhes. Mais dois anjos envolvidos para facilitar minha entrada. Um, dois, três guardas derrubados. Ela se encontrava num pau de arara. Libertei-a e a ajudei a fugir entrando na frente dos tiros na perseguição pelas ruas.


O que está em cima deve cair, o que caiu pode elevar-se novamente

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