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domingo, 15 de maio de 2011

Algo mais forte...

Diana se jogou no sofá e bufou. O dia mal começara e já tivera a primeira má notícia. Mayra ficou de pé em sua frente, sem dizer nada por alguns segundos, imaginando o que poderia fazer para remediar a situação.
- Posso te trazer um chá? Vai te deixar mais calma, tranqüila...
Diana olhou para ela com cara de deboche:
-Você não tem nada mais forte?!
- São 11 da manhã, Di. Além do mais, sabe que eu não bebo e que não tenho nada alcoólico aqui em casa.
Diana bufou novamente, às vezes a bondade e sutileza de Mayra a irritava. Jogou o cabelo loiro para trás.
-Você sabia que os mais velhos não iriam ajudar os quatro. Não sei por que está tão surpresa, Di.
- Não é este o caso, Mayra! Não entende, porra? To me sentindo jogava nas mãos deles, como uma boneca! Eles dizem o que a gente pode ou não fazer! Nunca foi assim... só ultimamente.. agora que Inês...
- Paulo! Você sabe! O nome dela é Paulo agora!
Diana olhou para ela desanimadamente, estava a ponto de perder a paciência.
- Tem certeza de que não tem nada mais forte ai?!
A amiga fez um olhar de desculpas e deu com os ombros. Mais alguns segundos se passaram sem que nenhuma das duas dissesse uma única palavra.
- Eles nos ajudaram, Mayra! Eles deixaram a gente pegar mana para salvar o doido!
- Isso não quer dizer que devamos arriscar nossas vidas por eles, Di!
- Você acha mesmo que 7 lobisomens são páreos pra Inês, Coveiro e... – foi interrompida.
- Paulo... ela já nos disse que o nome dela é Paulo!
Diana riu pelo canto da boca, índia idiota, pensou.
- Sim, é bom fazermos exatamente o que Paulo quer. Mas... não sei se quero viver pra sempre. Aliás, não sei se vale a pena passar por tudo isso...
- Você pode abdicar, se acha que não dá, que não quer, sempre resta isso! 
- Mayra, largue de ser idiota, POR FAVOR! Não viram o que fizeram com o Logiko? Não sabe que NÃO TEMOS esta opção? A rosa é pra sempre! Afinal fizemos um acordo com a velha, que não se dignifica a morrer, como qualquer outra pessoa na face da terra já estaria disposta com sei-lá-quantos-anos ela tem!
Mayra ficou quieta diante da explosão da amiga, não era boa ao lidar com explosões ou situações estressantes. O mais fácil era sempre esperar e ver o que lhe resta, esperar e ver se não sobra para você.
- O Combantente matou o Logiko e o Combatente vai matar a gente também se falarmos em sair. Eles precisam de nós pro ritual. Se sairmos somos apenas uma fonte perigosa de informação pros “inimigos”.
Diana levantou, caminhou até a mesa e pegou a chave de sua moto, juntamente com o capacete. Mayra cruzou os braços sobre o peito e disparou:
- Você diz isso por que você está apaixonada por um deles! Só por isso você está comprando esta briga toda!
Diana chegou a levantar o capacete com intenção de arremessá-lo, mas se segurou, abaixando-o juntamente com sua cabeça, como se tirasse do seu peito angustias que não queria revelar, bufou novamente.
- Não acha estranho que também o doido tenha quase sido morto, logo após deixar bem claro que não estava nada contente com o que Inês fez com corpo do filho dele? E agora ele se levanta, contando uma historia desconexa da qual só se lembra em partes?
Abriu a porta e deixou o cômodo.
- Paulo, o nome dele é...
Quando Mayra terminou a frase Diana já montava em sua moto e dava partida. Não podia ser a única a enxergar o que estava ocorrendo. Não podia ser a única a desconfiar que algo a mais estava acontecendo. O que fazer? Em quem confiar? Quem estava a salvo da manipulação de Inês e dos outros dois? Quem estava a salvo do medo que eles impunham ao deixar bem claro as dezenas de dezenas de anos que eles tinham de experiência? O telefone tocou, Diana apertou o botão do fone de ouvido.
- Adônis?... Sim, estou indo praí, me esperem.
E rumou em direção da academia. 
Precisava de algo mais forte.

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