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terça-feira, 12 de abril de 2011

A irmandade da Rosa

Texto retirado de um diário velho, encontrado sob o assoalho de uma casa a ser destruída, próxima ao cemitério. Junto com ele haviam rosas secas e um lenço com as iniciais R&M.

"Oh bela moça do veludo branco, num acolchoado de sonhos não completos e lembranças que se apagam como retrato antigo.
A Carne escurece, não se sabe mais o que é tecido, o que é pele,
como renda de enxoval que nunca foi usado.
Como papiro egípcio se desfaz em mãos não cuidadosas.
Pego-te de leve, pouso-te em meu leito. Ali posso olhar e bendizer-te.
Levanta, bela moça, levanta, seu vestido de noiva ainda está no baú, ali guardado.
O baile durará até a lua ir embora.
Temos todo o tempo do mundo: Sente o silêncio lá fora, é o mundo que nos ausculta, esperando que o silêncio de nossa alcova seja rompido.
Vem, minha amada, a banda está a tocar,
dois pra lá, um pra cá, a valsa não tarda a parar.
Levanta, por que não me escuta?
Estarias a chorar?
Choras pela renda muito velha, que acaba de rasgar...
A banda já parou, os grilos voltaram a cantar
Chove sob a luz da lua
Quando Te pouso em leito teu, para que possas descansar..."

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