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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

4 luas - Parte IV

- Eu vi o que o senhor fez lá dentro! Todo mundo viu! O que o senhor é?
Ele puxou a fumaça do charuto mais uma vez e soltou em direção do rosto dele. Ele já fora Nelson, agora era 28.
- O que acha que sou, 28?
Sentia-se forte, o jantar rendera mais força do que jamais ganhara. Estava saboreando a sensação, o poder, a esperança da semente que tinha sido plantada. Antes ele era Angel, agora era Kampf Angel, Führer Angel...
- Acho que você é um Anjo... - ele disse baixinho, sem coragem de dizer as palavras, com medo de ofender  o homem à sua frente.
- Não existe esta bobagem, 28! Eu sou seu companheiro, seu líder! Um escolhido... como você! É...pra conduzir este povo pra verdade, pra vitória - tragou novamente, estavam perto, à distância de um beijo, quando ele soltou a fumaça novamente no rosto do rapaz - Nossa raça vai prevalecer! Nossa raça vai dominar aquela maldita cidade! A gente nunca mais vai engolir a polícia! A gente nunca mais vai engolir os chineses! A gente nunca mais vai ter que aturar pretos FILHOS DA PUTA, ocupando empregos, ganhando bolsas família, bolsa escola, ocupando lugares nas escolas, ganhando COTAS por que são burros demais pra competir com os BRANCOS! Aqueles macacos SUJOS!
- Eu não sou como o senhor! Você é forte! Você pode fazer aquilo que fez!
- Eu vou conduzir vocês prum mundo onde vocês poderão fazer oque quiser. Mesmo aquilo! É fazer aquilo que você quer, 28? É o poder de curar pessoas? O poder de curar seus irmãos com suas mãos? Me diz o que você quer de verdade, 28! QUALQUER COISA!
- Qualquer coisa? - ele perguntou timidamente, diante da voz do homem que retumbava como um trovão, a sala parecia mais escura, mais acolhedora.
- QUALQUER COISA, 28! Se você crê em mim, eu posso fazer que você tenha qual..quer...coisa...
Os dois estavam colados, o rapaz suava, não conseguia piscar os olhos vidrados de admiração, de prazer por te-lo tão perto. Kampf Angel ali... tão perto... podia sentir o cheiro de suas roupas, de seu halito... ele disse, agora sussurrando no ouvido do rapaz:
- Diga! Me diga o que quer. E eu vou te dar... me dê seu corpo, me dê sua alma e eu vou te dar qualquer coisa... Tudo o que sempre sonhou... Por que você é digno, por que você é um dos escolhidos... por que você é meu escolhido... meu...
O rapaz engoliu seco, uma gota de suor entrou em seu olho direito:
- Quero ser seu melhor soldado, seu melhor irmão, mein Kampf! Quero a força de dez homens! - E, num ápice de coragem, puxou o corpo do homem contra o seu e o beijou.




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