Pages

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

4 Luas - Parte II

O médico o conduzia por um corredor branco, extremamente limpo e claro.
- ... Este é o refeitório. Sua foto fica logo acima dos coxos onde se servem, como poder ver. Todas as notícias que chegam são por aqueles auto-falantes. É claro que tomamos o cuidado de usar um sintetizador então toda voz que eles escutam é a sua. Palavras de encorajamento, de boas notícias, de descanso, de conforto... está tudo relacionado a sua voz...a noite, ao dormir, tomei o cuidado de fazer uma mistura que os deixa particularmente sensíveis à estímulos, enquanto deixamos sua voz entrar no dormitório pelo auto-falante, bem baixinho... Inconscientemente eles escutam, já fizemos os testes com eletrodos. Tudo tem corrido melhor do que o esperado, Senhor Angel ou devo dizer Kampf Angel, como eles se referem ao senhor?! Estou excitadíssimo, sabe? Sempre quis conduzir uma experiência como esta! E ver que os anos de estudo não foram em vão... O local e as condições são adequados e o senhor é uma figura muito forte, muito fácil de usar...
- Onde eles estão no momento?
- 28 deles estão há cerca de 60 quilômetros daqui, em uma cidade abandonada, fazendo treinamento de rua. Dois deles se encontram aqui, um por que insistiu que queria ficar aqui, até que o senhor viesse. Eles estão aguardando muito ansiosos pela sua visita. O outro... bem... o senhor pediu que se alguém se machucasse gravemente, o senhor fosse chamado. Há cerca de 5 dias o soldado 18 foi picado por uma cobra particularmente venenosa. Temos todos os antídotos aqui, isso não foi um problema, porém a gangrena que surge em decorrência disso é sempre muito perigosa. O rapaz insistiu em continuar os treinamentos, porém a sua perna piorou e temo que ele tenha que ser amputado ainda hoje...
Angel sorriu.
- Leve-me até ele, doutor.
O médico o conduziu ainda falante pelos corredores até a enfermaria, onde o rapaz jazia em um leito. Podia se ver que ele tinha calafrios pelos ferimentos e que ostentava um olhar inquieto, era Daniel.
- Kampf Angel! O senhor veio! O senhor veio mesmo!
- Eu não ia deixar um irmão sofrendo sozinho, Daniel...
- 18, senhor, meu nome agora é 18! Somentedesistindodenossaidentidadepodemosservircomodevemos servirempróldairmandadedopaísdaraçabrancaHEIL!
Angel olhou para o lado e viu o sorriso orgulhoso do médico diante da euforia do pronunciamento de 18.
- Como está sua perna, 18? - Disse Angel enquanto levantava o lençol e via a carne podre.
- Está melhor hoje, Kampf Angel! Tenho certeza de que amanhã poderei voltar aos exercícios com os outros companheiros!
Angel sorriu e cobriu novamente a perna.
- Doutor, os outros irmãos voltam hoje?
- Sim, senhor Angel. No fim de tarde eles voltarão. Já mandei os cozinheiros providenciarem um banquete digno de sua chegada.
- Agradeço, doutor. Quero bebida também. Cerveja bem gelada para todos...
Ele afagou a cabeça de 18, que sorria debilmente. Debilmente demais para tirar proveito dele, nenhum acordo válido seria feito com aquela febre.
- Senhor, temo que o álcool não seja a melhor opção quando em...
- Certifique-se também que 18 esteja presente no jantar. Ele tem que se juntar aos irmãos, não pode ficar para trás!
- Mas senhor, já avisei que estávamos agendando a ampu...o procedimento médico e...
- Certifique-se de que ele esteja lá, INTEIRO, doutor. Qualquer procedimento pode esperar. Darei a estes garotos um show do qual vão se lembrar por muito tempo.

0 comentários:

Postar um comentário