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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

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Ele abriu novamente a porta e estava de volta ao escritório, iluminado por lanternas chinesas:

- Seja bem vindo, Juanes, o matador. – ela disse sorrindo, sentada sobre os próprios calcanhares, com sua espada embainhada à frente.

Ele entrou, tirou os óculos escuros  e sentou-se como ela:

-  Estou sonhando, não estou?

Ela sorriu:

- Sim, Juanes, você está sonhando. Muito perspicaz de sua parte notar: a grande maioria não é capaz. Me diga, como percebeu?
- Eu não lembro como cheguei até aqui e definitivamente.. te ver é a última coisa que quero em minha vida.

Ela sorriu novamente:

- Me ver será a primeira coisa que acontecerá em sua morte, Juanes. Mas você já sabe disso...

Ele olhou para os lados:

- O que quer de mim, Zazael? Por que me trouxe até aqui?
- Na verdade eu tentei o celular, mas você parece tê-lo abandonado.

Ele continuou apenas observando, ela continuou a falar:

- Preciso contratar seus serviços, matador. Preciso saber do seu preço.
- O preço depende do cliente e do alvo. Algumas pessoas eu prefiro não ter como clientes. Seu caso, Zazael.

Ela se levantou, pegou a espada e em um átimo de segundo sacou-a e encostou a lâmina no pescoço dele.

- Poucas pessoas podem ter tanto sangue frio ao me desafiar, Matador...

Ele continuou impassível. Sabia o que podia fazer e acima de tudo, o que ela não podia fazer.

- Diga qual o seu preço, matador. Não vejo razões para animosidades. Passaremos muito tempo juntos, amigo e este relacionamento no futuro pode ser bom ou ruim, dependendo de suas atitudes. – Ela sentou-se novamente, na mesma posição.

- Quem são os alvos, Zazael?
-  Felipo e Cecília, quem mais?

Ele baixou a cabeça e suspirou, não queria se meter naquilo.

- Qual seu preço, Matador?
-  30 mil, cada um deles...

Ela sorriu novamente. Aquele sorriso dava arrepios a Miguel, que ele nunca ousaria admitir.

-  Te dou 50 mil por cada um deles. Dobro o valor se você o fizer ao mesmo tempo, sem deixar nenhum escapar.
- Como saberei que este acordo é válido, se estou sonhando?
- Me toma por o que? Humano? – Ela disse ultrajada. – Mate-os e terá seu dinheiro. E minhas graças por um bom tempo, que valem muito mais do que isso, devido a nosso.... hum... relacionamento a longo prazo.

Ele acordou e encarou o teto. A luz entrava pela cortina, indicando o final de tarde. Ele simplesmente sabia que não tinha sido um sonho comum e, como se não bastasse, a cicatriz invisível coçava como o diabo.
Sabia onde encontra-los.

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