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segunda-feira, 5 de março de 2012

Os homens

Ele estava deitado sobre uma maca, enquanto o rapaz pousava suas mãos alguns centímetros acima de seu corpo. Das mãos saiam feixes de luz roxa. O rapaz o "mapeava" se é que existe uma palavra para o que ele estava fazendo, vasculhando seu corpo, suas células... indo cada vez mais profundamente, até seu DNA à procura.
- Eu não tenho como agradecer o suficiente, Oliver.
O rapaz riu timidamente.
- Você me deu seu apartamento, Rick. Todo o serviço já está mais do que pago. Assim pude sair daquela casa e posso fazer as coisas do meu jeito agora.
O rapaz continuou, da cabeça aos pés, iluminando o homem deitado.
- Sim, está limpo. Acho que podemos dizer que é definitivo agora. Já faz um ano.
Richard agarrou sua mão:
- Tem certeza? Você olhou fundo?
Ele sorriu:
- Sim, olhei. E digo mais, acredito que mesmo que aqueles caras tentassem de transformar novamente, não conseguiriam, o sangue da Lauren é muito forte. Pelos testes que fiz em ratos, não consegui infecção contaminando a cobaia com sangue vampírico, depois de trocar o sangue da cobaia pelo seu.
O rapaz andou até o outro canto da sala e levantou uma gaiola, onde um rato branco corria em uma pequena roda-gigante.
O homem levantou-se e começou a se vestir, enquanto conversavam.
- Recebeu alguma notícia dela?
O rapaz apenas baixou a gaiola e acenou negativamente com a cabeça. "E você?" murmurou, embora ja soubesse a resposta.
- Não, já faz seis meses desde que ela apareceu. Eu te contei, não? Ela veio voando...
- Sim, contou Rick. Ela voou até a janela do seu quarto, como um anjo.
Richard se tocou que era a milésima vez que falava sobre aquilo com o garoto. Não tinha mais ninguém para compartilhar, não podia contar a ninguém. Era um homem normal, tocado pelo sobrenatural. Sua vida nunca mais seria a mesma e não tinha absolutamente ninguém com quem compartilhar isso além de Oliver. Baixou a cabeça e segurou as lágrimas. Lauren deixara mais que um buraco em seu coração, ela o movia, bombeava... podia senti-la longe, sozinha e triste.  As vezes ela aparecia em seus sonhos e dizia que estava tudo bem. mas não era o suficiente.
- Richard, você tá bem cara?
Ele fez que sim com a cabeça e levantou-se, colocando o casaco, nevava lá fora.
- Richard, quanto mais cedo você aceitar que... ela não vai voltar, melhor. Pelo menos não da maneira que você a conheceu. Ela não é mais humana.. não tem como...
Richard pegou as chaves do carro e caminhou até a porta e disse enquanto abria a porta e saia.
- E você... é humano, Oliver?
Oliver suspirou enquanto a porta se fechava, olhou para o rato, tateou pelo celular no bolso mas foi encontra-lo apenas no aparador. Discou o número do contato do hemocentro: tinha um vampiro para alimentar em seu porão.




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