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sábado, 4 de outubro de 2014

TEMPESTADE E AREIA


Ele arrumou o retrovisor pela terceira vez, ia ter que
trocá-lo novamente, "a areia e a trepidação constante devem ter ferrado com sua engrenagem de novo", pensou consigo mesmo.

Mal conseguiu alinhá-lo corretamente e pode ver a tempestade de areia se formando no horizonte, esperava estar mais longe daquela maldita gruta quando isso acontecesse, talvez até ter atingido a rodovia ou mesmo a cidadezinha mais próxima, mas como sempre sua sorte não estava se fazendo presente "seria algum karma?".

Mas antes de começar a divagar pensando nos crimes que suas outras encarnações poderiam ter cometido e que agora o assombravam sentiu a apreensão de sua companheira, olhou-a de esgueio e a viu ajoelhada no banco do carro, observando a escuridão do céu, preocupada.

- Relaxa, Docinho. Aquela tempestade não irá nos alcançar, posso garantir isso a você - disse Lucas, tentando manter sua voz o mais calma possivel e prestando o máximo de atenção nas curvas e bancos de areia que haviam surgido a sua frente.

- Será que desta vez vai dar certo, Lucas? Serão cinco de uma vez, podemos estar cavando nossas próprias sepulturas... Eles podem não entender, eu não entenderia e muito menos você. - Ao mesmo tempo que Docinho sentava corretamente no banco do carro e afivelava o cinto de segurança. 

- Os Ciganos disseram que eram eles, Baby. Estamos todos arriscando demais mas até quando poderiamos continuar nesta situação? Quando Ele se cansar o que será da gente? O que aconteceria com eles? O jogo começou, e não há nada que podemos fazer a não ser seguir o plano. - Foi quando Lucas pode ver há menos de um quilômetro a frente a sinuosidade escura do asfalto da rodovia estadual.

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