Não existe desastre
Existe o deus Máquina
Não existe fortuna
Existe o deus Máquina
Não existe destino
Existe o deus Máquina
Não existe vontade
Existe o deus Máquina
Não existo
Existe em mim o deus Máquina
Eu já fui um anjo.
Minha primeira lembrança é do deus
Máquina: as luzes piscando, o frio de sua presença e a incerteza do destino.
Ele me disse o que fazer, me deu as ferramentas para fazê-lo e obedeci sem
pensar, este era meu propósito.
Egito, 1500 AC
Ele me acordou no nascer do sol e ordenou que avisasse seu
povo que deveriam sacrificar um cordeiro, o mais bonito deles, e que com seu
sangue marcassem seus umbrais, para afastar a última praga. Naquela noite todos
os primogênitos foram mortos e somente hoje enxergo seu sangue em minhas mãos.
Após completar meu destino, fui colocado em uma caixa e lá
aguardei pelos desígnios D’ele. Encarnei novamente e de novo e de novo e mais
uma vez. Sempre cumprindo fielmente seu comando. Poucas vezes cruzei com outros
como eu, parece que Ele cuidava minuciosamente para que isso não acontecesse.
Hoje eu sei o por quê.
Londres, 1897
Como designado, observei-a de longe. Esperei que saísse do
café, onde trabalhava todos os dias. Cheguei perto e falei banalidades. Ela
estranhou. Sussurrei em seu ouvido o que ela deveria fazer. Assisti-a subir no
prédio e se jogar lá de cima. Naquela noite, seu marido, o chefe de polícia,
não foi trabalhar e houve uma fuga em massa.
São Paulo, 1979
Já estava naquela encarnação fazia algum tempo. Dormia
tranqüilo enquanto os planos se concretizavam. Fui desperto por um telefonema:
o alvo deveria ser liberto. Missão arriscada e cheia de detalhes. Mais dois
anjos envolvidos para facilitar minha entrada. Um, dois, três guardas
derrubados. Ela se encontrava num pau de arara. Libertei-a e a ajudei a fugir
entrando na frente dos tiros na perseguição pelas ruas.
O que está em cima deve cair, o que caiu pode elevar-se
novamente
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