Ele só teve tempo de sentir o cano gelado encostando em sua
nuca, seguido de um barulho alto, MUITO ALTO e, em seguida, viu o chão se aproximando.
O aluno surpreso da detenção, que olhava pela janela se
imaginando correndo entre as árvores do bosque não entendeu a seqüência dos
acontecimentos. Em um instante o professor estava distraído, lendo o jornal
enquanto enfrentava a enfadonha responsabilidade de “cuidar” dos delinquentes juvenis naquela tarde, fora do horário regular, no outro instante, ele estava caído
no chão, com sangue saindo da boca e um buraco gigante em sua garganta. Teve a
impressão que podia ver do outro lado. Atrás deste estava Bob Delalune,
segurando uma espingarda. Impressão sua ou seu braço era de metal? Foi chamado
à realidade pelo cheiro de pólvora no ar e pelo próprio Bob:
- Hey, lobinho. É melhor correr! Tenho muitas balas no
bolso, posso transformá-las em prata e nunca gostei da sua espécie...
Não precisou falar duas vezes.
Ele deu a volta no
corpo que resfolegava:
- Dizem que o cérebro humano é capaz de continuar enxergando
até 30 segundos depois de decapitado. É quase o que aconteceu com você. Na
dúvida estou mantendo suas percepções a um nível aceitável, percebendo tudo o
que está acontecendo, por que eu precisava que você visse, eu precisava que
você soubesse que era eu.
Revirou o bolso do homem e encontrou seu celular.
Sentou-se do lado do professor, que nada conseguia dizer,
passou os dedos metálicos pela poça de sangue e levou a mão até perto dos
olhos, observando o sangue escorrer.
- Sabe, o mundo é realmente um lugar melhor sem gente como
você. Gente doida como você... eu digo. Vou me certificar que você não apareça
por ai por um bom tempo...
Abriu a boca dele com a ponta dos dedos, enxergou a alma lá
dentro. Sorriu em um misto de regozijo e nojo enquanto enfiava o dedo goela
abaixo do cadáver e retirava sua alma.
Escutou os passos acelerados pelo corredor, gritos.
Jogou-se novamente ao outro mundo, onde pode observar os
espíritos da morte consumindo o perispírito do inimigo. Expulsou-os fazendo um
símbolo no ar.
O inimigo ainda se contorcia, agarrando sua própria
garganta, que daquele lado estava intacta, enquanto Robert caminhou até ele e
com um gesto rápido pôs um grilhão em
seu tornozelo. Sorriu depois de ver o olhar atônito do professor ao constatar
que estava preso. Caminhou para fora da escola, andou alguns quarteirões e
voltou ao mundo dos vivos. Pegou o celular do bolso, procurou pelos números de
Jessie e James enquanto entrava na cabine da caminhonete vermelha.
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