Ele abriu novamente a porta e estava de volta ao escritório,
iluminado por lanternas chinesas:
- Seja bem vindo, Juanes, o matador. – ela disse sorrindo,
sentada sobre os próprios calcanhares, com sua espada embainhada à frente.
Ele entrou, tirou os óculos escuros e sentou-se como ela:
- Estou sonhando, não estou?
Ela sorriu:
- Sim, Juanes, você está sonhando. Muito perspicaz de sua parte
notar: a grande maioria não é capaz. Me diga, como percebeu?
- Eu não lembro como cheguei até aqui e definitivamente.. te ver
é a última coisa que quero em minha vida.
Ela sorriu novamente:
- Me ver será a primeira coisa que acontecerá em sua morte, Juanes. Mas você já sabe disso...
Ele olhou para os lados:
- O que quer de mim, Zazael? Por que me trouxe até aqui?
- Na verdade eu tentei o celular, mas você parece tê-lo
abandonado.
Ele continuou apenas observando, ela continuou a falar:
- Preciso contratar seus serviços, matador. Preciso saber do seu
preço.
- O preço depende do cliente e do alvo. Algumas pessoas eu
prefiro não ter como clientes. Seu caso, Zazael.
Ela se levantou, pegou a espada e
em um átimo de segundo sacou-a e encostou a lâmina no pescoço dele.
- Poucas pessoas podem ter tanto sangue frio ao me desafiar,
Matador...
Ele continuou impassível. Sabia o
que podia fazer e acima de tudo, o que ela não podia fazer.
- Diga qual o seu preço, matador. Não vejo razões para
animosidades. Passaremos muito tempo juntos, amigo e este relacionamento no
futuro pode ser bom ou ruim, dependendo de suas atitudes. – Ela sentou-se
novamente, na mesma posição.
- Quem são os alvos, Zazael?
- Felipo e Cecília, quem mais?
Ele baixou a cabeça e suspirou,
não queria se meter naquilo.
- Qual seu preço, Matador?
- 30 mil, cada um deles...
Ela sorriu novamente. Aquele
sorriso dava arrepios a Miguel, que ele nunca ousaria admitir.
- Te dou 50 mil por cada um deles. Dobro o valor se você o fizer
ao mesmo tempo, sem deixar nenhum escapar.
- Como saberei que este acordo é válido, se estou sonhando?
- Me toma por o que? Humano? – Ela disse ultrajada. – Mate-os e
terá seu dinheiro. E minhas graças por um bom tempo, que valem muito mais do
que isso, devido a nosso.... hum... relacionamento a longo prazo.
Ele acordou e encarou o teto. A
luz entrava pela cortina, indicando o final de tarde. Ele simplesmente sabia
que não tinha sido um sonho comum e, como se não bastasse, a cicatriz invisível
coçava como o diabo.
Sabia onde encontra-los.
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